Os estudos de Toponímia no Brasil e na USP

A área de Línguas Indígenas do Brasil é uma das onze áreas de estudos do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. Nasceu em 1934 vinculada não à seção de Letras, mas aos cursos de Geografia e História da então nascente Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras. O professor Plinio Ayrosa, regente da Cadeira de Etnografia e Línguas Tupi Guarani, iniciou um projeto para criar uma nova abordagem para o ensino de Geografia, Etnografia e História, mudando a antiga visão expositiva. Junto ao ensino de Etnografia brasileira surgiu, então, a figura do homem autóctone do território, o indígena brasileiro, em sua multiplicidade de nações, línguas e culturas.

Inicialmente voltado às culturas e línguas de origem tupi-guarani, paulatinamente outros blocos lingüísticos foram sendo estudados (como a língua bororo, pelo Prof. Dr.Carlos Drumond). Ao estudar a cultura material e espiritual dos povos indígenas brasileiros os pesquisadores se deparavam com a problemática linguística, começando o estudo do léxico indígena da forma mais tradicional: apreensão e descrição do significado. Foi assim que, inseparáveis do estudo linguístico, nasceram os estudos toponímicos, e a partir da reformulação dos cursos de Letras, na década de 60 do século XX, as disciplinas de Toponímia começaram a tomar seu formato atual.

São oferecidas, todos os anos, várias turmas nos períodos matutino e noturno. As disciplinas se intitulam Toponímia Geral e do Brasil e se caracterizam como dois módulos independentes entre si, mas com uma visão lógica de conjunto. Pertencem à Área de Línguas Indígenas do Brasil, juntamente com as disciplinas de Tupi, ministradas pelo Prof. Dr. Eduardo de Almeida Navarro.

Ministradas com o formato atual (dois semestres independentes, sem pré-requisitos), as disciplinas de Toponímia têm sofrido alterações estruturais para acompanhar a evolução da própria Onomástica brasileira.

O estudo dos nomes (comuns e próprios) ultrapassa a categoria substantiva e também a perspectiva que lhe é oferecida pela Lexicologia. Assim, abre-se um leque de opções bastante atrativo, pois, herança imaterial, o topônimo (nome de lugar) e o antropônimo (nome pessoal) traça, em uma perspectiva etnolinguística, a própria história dos lugares.

Transdisciplinar por excelência,a Toponímia possibilita frentes de estudo distintas. Entre os projetos desenvolvidos cite-se o Atlas Toponímico do Estado de São Paulo,  proposto pelo Prof. Dr. Carlos Drumond nos anos 70-80 e conduzido pela docente aposentada Prof.ª Dr.ª Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick. O projeto resultou em inúmeras dissertações de Mestrado e teses de doutoramento, entre outras publicações. Desde 2005, com o ingresso da Prof.ª Dr.ª Patricia Carvalhinhos, abriu-se uma janela para a Península Ibérica com o Projeto (em andamento) Atlas Toponímico de Portugal, o ATPor,  com uma dissertação de Mestrado já concluída, e também privilegia-se o estudo toponímico de bairros jovens na cidade de São Paulo, preferencialmente na periferia, no âmbito do Projeto Memória Toponímica de São Paulo, bairro a bairro, que vem sendo desenvolvido desde 2008 e conta com apoio financeiro da Pró-Reitoria de Graduação da USP e da FAPESP, já que integra o núcleo de projetos do temático PHPP2 (Projeto História do Português Paulista) desde 2012. Várias Iniciações Científicas e uma dissertação de Mestrado estão vinculadas a este projeto.

Brevemente, a Área de Línguas Indígenas do Brasil oferecerá mais disciplinas de Toponímia, na próxima reformulação da grade de disciplinas do Curso de Letras da Universidade de São Paulo. Esta página, que vai sendo construída aos poucos, objetiva facilitar a comunicação entre docente e discentes em todos os sentidos, promover fóruns, divulgar notícias de interesse e oferecer linques para textos acadêmicos.

Aproveitem!

Prof.ª Dr.ª Patricia Carvalhinhos
Coordenadora da Área de Línguas Indígenas do Brasil e Docente do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas -FFLCH-USP